No alvorecer da imagem em movimento
Durante séculos, civilizações tentaram meios de reproduzir a realidade, começando com desenhos rupestres de cenas da vida primitiva. Por volta de 5.000 a.C., os países orientais criaram os teatros de sombras, originário de Java, compostos de figuras recortadas em diversos materiais, pintadas com cores translúcidas e articuladas nos membros, sendo interpostas entre um feixe luminoso e uma parede ou tela.
Leonardo Da Vinci cita em sua obra Codex Atlanticus o princípio da Câmara Escura enunciando a “Lei ds raios entrecruzados”, sendo o primeiro a apresentar uma noção abrangente dos princípios da cinematografia. Esse princípio seria usado no século XVI pelo físico italiano Giovanni Battista Della Porta para construir a primeira Câmara Escura, contendo uma sala escura em forma de cubo com um orifício, de onde projeta uma versão espelhada e invertida da imagem exterior.
Em 1643, o padre jesuíta Athanasius Kirsher enuncia em sua obra Ars Magna Lucis e Umbrae os princípios da projeção de imagens, invertendo os conceitos da Câmara Escura para inventar a Lanterna Mágica, onde uma imagem pintada no vidro é projetada sobre uma tela branca.
Outro princípio cinematográfico importante, a persistência da retina, tinha seu conceito conhecido desde o Antigo Egito. Apesar das tentativas de Isaac Asimov e de Cavaleir d’Arcy, apenas em 1824, Peter Mark Roget consegue definir o fenômeno satisfatoriamente como a capacidade da retina em reter uma imagem por 1/20 à 1/5 segundos após a saída do campo de visão. As conclusões de Roget despertaram interesse. A partir daí, começaram a surgir os primeiros aparelhos baseados neste princípio. Sendo eles:
Taumatrópio – Criado pelo londrino Dr. John Ayrton Paris em 1825.
Um disco com figuras diferentes e invertidas desenhadas em cada lado. Usando um pedaço de fio, a gravura gira dando a ilusão de mesclar as duas imagens.
Fenakistiscópio – Criado pelo belga Dr. Joseph Plateu em 1832.
Um disco preso no centro por um arame de forma a poder fazê-lo girar. Olhando através do espelho era possível perceber figuras desenhadas em posições diferentes em seqüência.
Zoótropo – Criado por William George Horner em 1834.
Um cilindro oco com cortes para permitir visualizar uma seqüência de desenhos que parecem ganhar vida quando o cilindro é girado.
Praxinoscópio – Criado por Émile Reynaud em 1877.
Baseado no Zoótropo, o aparelho tem como diferencial um jogo de espelhos por onde se observam as imagens animadas. Aliado a idéia da Lanterna Mágica, passa a projetar imagens, sendo rebatizado de Pantominas Luminosas em 1882.
Apesar dos diversos inventos criados, apenas em 1835, quando o pintor francês Louis Daguerre desenvolveu a Fotografia, reprodução de imagens estáticas, a corrida para a criação de aparelhos capazes de registrar e reproduzir a imagem em movimento, o Cinema, foi desencadeada.
Publicado em 9 de junho de 2008, em Panorama e marcado como Lanterna Mágica, Leonardo Da Vinci, Louis Daguerre, persistência da retina. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.
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